3 de agosto de 2010

Cenário econômico

Nos últimos dias o iBovespa está subindo graças ao setor de siderurgia, com a expectativa de aumento na produção do aço. Enquanto isso, as bolsas nos EUA sofreram forte queda. Antigamente os EUA espirravam e o Brasil ficava de cama, mas hoje isso não acontece mais, embora ainda haja influência, mesmo que menor.

Não só bancos grandes como o Goldman Sachs, mas empresas de diversos setores apresentaram seus balanços há alguns dias, os quais foram muito aquém do esperado. Isso significa que a economia americana não está se recuperando como deveria da crise imobiliária de 2008 e da crise bancária de 2009. Dessa forma, os investidores começam a correr para a renda fixa e as ações das empresas semelhantes a essas que divulgaram seus balanços também sofrem.

Na verdade, os EUA aprenderam com a crise de 29 que, apesar de ruim, é preciso salvar os bancos em caso de uma possível depressão para evitar um pandemônio ainda maior. Seria pior deixá-los quebrar, como aconteceu há 80 anos atrás na experança de que a "seleção natural" elimine os "maus bancos" (aqueles que possuem mais passivos do que ativos, altamente ilíquidos ou insolventes). A diferença é que, ao contrário daqueles tempos, dessa vez as reformas necessárias para evitar novas crises no futuro foram muito tímidas e, teoricamente, não evitarão excessivas alavancagens no futuro próximo. Aliado a isso, os bancos salvos pelo Federal Reserve ditos "grandes demais para quebrar" se tornaram uma espécie de mortos-vivos que levarão algum tempo para se recuperarem, bem como a economia.

Agora o período é de colher a tempestade. Os bancos se desalavancarão, os EUA voltarão a crescer pouco ou até mesmo diminuir. E se os países europeus Grécia, Espanha, Portugal e Itália não conseguirem dominar suas dívidas, uma crise irá contaminar os bancos da Europa e poderemos pensar até em um fim da União Européia como conhecemos, pois os bancos daqueles países não poderão arcar com esse contexto e esses países terão que recorrer a empréstimos no estrangeiro. Tanto a Europa quanto os EUA e o Japão devem crescer pouco, cerca de 2% ao ano nos próximos anos, devido em parte à sua população esclerosada em declínio e às crises que vem se sucedendo.

E quem sofrerá também serão os países emergentes chamados BRIC's (Brasil, Rússia, Índia e China). A China é o principal deles e penso que será quem sofrerá mais. Uma crise entre os países desenvolvidos significará menor demanda pelas commodities, sendo que China e Brasil serão diretamente afetados e o crescimento esperado de 7% a 10% que tanto se fala para os próximos anos poderá ser comprometido.

Eu acredito que estamos vendo hoje o início de uma inversão na ordem mundial. Países europeus e os EUA deixaram de poupar e passaram a gastar mais. Eles vem tendo seus déficits em conta corrente. No caso dos EUA sendo financiados pela China que tem o interesse de manter sua moeda desvalorizada para manter suas exportações competitivas e faz reserva de dólares. Entretanto, a China tem como calcanhar de aquiles um consumo interno pouco desenvolvido, que representa apenas 36% de seu PIB. Se os países importadores de seus produtos não crescem, a China não vende e não poderá recorrer ao consumo interno para amenizar o problema. Mas para tapar o sol com a peneira, o governo chinês está forçando o empréstimo a torto e a direito às empresas estatais para continuarem fazendo investimentos na produção e estocarem commodities.

Mercado de Ações

A ação VALE5 é, na minha opinião, talvez o melhor papel para o médio prazo. A Vale do Rio Doce tem como principal cliente a China. Embora a China não cresça com tanto vigor quanto antes, ainda cresce muito e mantém sua política de investimento na produção. Se a China está bem, a Vale está bem. Além disso se espera que várias nações do mundo todo venham a renovar seus estoques no médio prazo.

Dessa forma, a alta procura pela commodity vai elevar seu preço até o final do ano, fazendo com que a Vale valorize muito seu papel e aumente consideravelmente seus lucros.

Nesta semana, a Vale do Rio Doce divulgou seus resultados e foi bem, como esperado. Além disso, a precificação do minério, com aumento de cerca de 100%, foi bem aceita pelo mercado, segundo executivo da própria empresa.

Eleições

Aproveito para levantar a bola a você. Após a eleição do Lula, representante do PT, verificamos que a política econômica se manteve igual, com o mesmo presidente do Banco Central, eleito na época a deputado pelo PSDB.

Você acha que hoje a política no Brasil está descolada da economia?

Acho uma questão importante em tempos de eleição, principalmente pelo medo do radicalismo que anda na sombra da Dilma Roussef.

Você acha que, não importando o candidato vencedor nessas eleições, a política econômica se manterá semelhante nos próximos 4 ou 8 anos?

6 de maio de 2010

Responsabilidade pós-consumo

Com a aprovação da lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos em andamento no Congresso, a gestão e a disposição final do lixo produzido ganhará contornos mais sólidos em um futuro próximo. Em processo de definição, esta lei deverá tornar obrigatória a prática da engenharia reversa, ou seja, o empresário deverá receber de volta todos os produtos por ele vendidos e dar destino adequado a estes resíduos. Dessa forma, a responsabilidade pós-consumo deverá ser de quem fabrica e de quem vende o produto.

Este passo será fundamental para que as indústrias se esforcem em aperfeiçoar os meios de produção para que se tornem mais eficientes. Embora os produtos continuem a ser projetados para terem uma breve obsolescência, planejada ou percebida, a concepção de seus projetos deve começar a levar em consideração um reaproveitamento maior de volta na cadeia produtiva.

A prática começou com a aprovação da Resolução 257/1999 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que determinou a responsabilidade pós-consumo de pilhas e baterias ao produtores. Entretanto, a resolução não continha metas ou prazos para o cumprimento dessa determinação, o que implica descompromisso do empresário com resultados e impossibilita a fiscalização por conta da falta de metas, não determinadas pela lei.

O setor privado faz um forte lobby para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos caminhe para o mesmo fim, o que a tornaria ineficiente e, da mesma forma que foi feito com a responsabilidade pós-consumo de pilhas e baterias, o empresário não teria compromisso com resultados e prazos para gestão de outros resíduos, tornando a política ineficiente.

Outro fator preocupante na redação da PNRS é que os empresários são relutantes em aceitar a responsabilidade pelo passivo dos resíduos já produzidos. Eles argumentam que os fabricantes não podem ser responsabilizados por um lixo que não foram eles que produziram. Entretanto, atribuir a responsabilidade pelo passivo já existente à sociedade como um todo não é eficaz na prática, embora pareça muito bonito. Se não houver um agente social específico responsável pelo passivo, não haverá meios de se cobrar de alguém a resolução do problema e a política se torna inoperante.

Alguém precisará pagar a conta pelos resíduos já existentes, mas o governo não possui recursos para tal. Além disso, os fabricantes têm razão em argumentar que não deveriam ser responsabilizados por resíduos não produzidos por eles. Será interessante ver qual saída o congresso definirá para resolver o impasse.

28 de março de 2010

Lixo eletrônico


Segundo estudo realizado pelas Nações Unidas, o Brasil tem a maior produção de lixo eletrônico entre 11 países em desenvolvimento. Um brasileiro descarta por ano, segundo o estudo, em média 0,5 quilo de lixo eletrônico, no qual se incluem computadores, celulares, impressoras, televisores e refrigeradores.

Este lixo pode ser considerado valioso e ao mesmo tempo perigoso. Nele podem ser encontrados substâncias de valor significativo como o ouro, a prata, o cobre, a platina, o cobalto, o níquel e o silício, entretanto, substâncias tóxicas também são encontradas, como o chumbo, o mercúrio e o cádmio.

Tais substâncias tóxicas são encontradas em pequena quantidade nos dispositivos eletro-eletrônicos mas, quando estes são armazenados em grandes quantidades e em condições impróprias, podem contaminar o solo, a água e os esgotos, acabando por possivelmente contaminar também a população, mesmo que esta não tenha contato direto com esses resíduos eletro-eletrônicos.

A inclusão digital promovida pelo Brasil, o aumento do poder aquisitivo das classes mais baixas e o barateamento da tecnologia formam um ambiente propício para que o Brasil se torne um enorme produtor de resíduos eletrônicos nos próximos anos. Entretanto, a ausência de políticas públicas de gestão desses resíduos, que atribuiria a responsabilidade de se estabelecer uma logística reversa desses equipamentos a quem produz, importa, distribui ou vende, pode causar grandes problemas futuros para se lidar com estes resíduos, podendo implicar deterioração da saúde pública.

Atualmente já há algumas possibilidades para se dar um destino correto para tais equipamentos. Confira na lista abaixo, fornecida pelo Jornal da Folha de São Paulo, em 24 de março de 2010:

21 de março de 2010

Tipos de Aplicações

Para conhecer o mercado, é necessário primeiro saber que a chance de se obter melhores resultados implica correr maiores riscos. Por definição, risco é a probabilidade de certeza (ou de incerteza) sobre o retorno de seus investimentos.

Há dois tipos de riscos:
  • Risco de retorno: não se sabe se terá o dinheiro de volta no final da aplicação (Ex.: Títulos Públicos).
  • Volatilidade: quando a aplicação está suscetível a variações diárias (ex.:ações do tipo small caps).

Dessa forma, as aplicações essencialmente podem ser divididas em 2 grandes grupos:
  • Renda Variável: implica maiores riscos mas também maior potencial de retorno.
  • Renda Fixa: implica menores riscos entretanto menor retorno.

As aplicações de renda fixa compreendem a Poupança, o Tesouro Direto, os fundos DI e RF e as Debêntures, em ordem cresecnte de risco e, consequentemente, de potencial de retorno. As aplicações de renda variável compreendem o mercado de ações em bolsa. A seguir serão brevemente explicadas, uma a uma, cada modalidade de aplicação:

Poupança

Acessível, muito segura, isenta de Imposto de Renda (até 50 mil reais aplicados), liquidez ampla (sem taxas para resgate, aliás, não há taxa alguma cobrada) e baixa volatilidade. Mais recomendado para aplicações de curto prazo (no máximo 2 anos), devido a sua baixa rentabilidade (cerca de 6,5% em 2009, sem contar a inflação). Dica: faça aplicações em pelo menos 2 dias diferentes do mês (2 aniversários), assim se perde menos juros na data do resgate da aplicação.

Tesouro Direto

Corresponde à venda de títulos de dívida pública. Funciona como se fosse um cheque pré-datado, que o investidor "compra" por um valor menor e, no vencimento, resgata o valor do cheque. Há três tipos: pré-fixados, pós-fixados e os atrelados à inflação. Acessível (necessita contratação de corretora), menor risco do país (até que o país quebre e este dê o calote, todos os outros bancos já quebraram antes), possível escolher o título, liquidez restrita, maior volatilidade e vencimentos longos. Como o vencimento é longo, os problemas surgem quando o investidor deseja se livrar do Título antes de seu vencimento. Em primeiro lugar, o título só pode ser vendido às quartas-feiras e em segundo lugar há baixa procura pelo mesmo, assim fica sujeito à volatilidade e implica desvalorização no caso de venda antes do vencimento. Indicado para quem deseja aplicar por longos prazos, ou seja, para quem não precisará do dinheiro agora e nos próximos períodos.

Fundos DI e RF

São vários títulos da dívida pública oferecidos por bancos, portanto, possuem a vantagem de se poder resgatar a aplicação quando quiser e por um valor melhor do que a compra direta de títulos da dívida pública. São acessíveis, seguros, possuem liquidez ampla e volatilidade baixa, entretanto, a gestão profissional promovida pelo banco implica uma taxa de administração que, para uma aplicação no curto prazo, torna a poupança mais interessante.

Debêntures

Parecido com o título de dívida pública, mas neste caso são dívidas privadas. Há um risco de se levar o calote da empresa, mas é acessível (antigamente o capital necessário para esta aplicação era muito alto, mas a pulverização em cotas menores das debêntures de boas empresas aumentou a acessibilidade desta modalidade ao pequeno investidor). É necessário contratar uma corretora e é possível escolher os títulos. Há um pregão só para as debêntures, o Bovespa Fix, mas como é relativamente novo, há pouca negociação e dificuldades de revenda, o que causa volatilidade e restrições de liquidez.

Ações

Acessível e volátil (acompanha variações diárias da Bolsa de Valores). Como seu desempenho depende do mercado e da companhia, o risco é heterogêneo. A Petrobrás, por exemplo, já é uma empresa grande e consolidada, portanto o risco de que ela feche as portas no ano que vem é muito pequeno, entretanto a possibilidade da empresa dobrar de tamanho no mesmo período é muito baixa também, o que implica uma possibilidade de retorno mais conservadora para quem decidir comprar seus papéis de ações. Estes papéis das grandes empresas, são conhecidos como Blue Chips. Este tipo de ação tem risco e probabilidade de retorno diferentes das ações de pequenas empresas, chamadas de Small Caps.

As Small Caps são papéis com grande probabilidade de retorno, afinal, para uma empresa de pequeno porte dobrar de tamanho em pouco tempo é muito mais factível que no caso da Petrobrás, entretanto o risco de que ela feche no mesmo período é tão grande ou maior, o que lhe confere um risco muito grande. Uma grande vantagem do mercado de ações é que o investidor ganha de duas maneiras: atavés dos dividendos da empresa (parte do lcro que é distribuído entre os sócios) e da valorização dos papéis (adquiridos pelo investidor, tornando-se sócio da empresa).

A forma de se investir em ações também pode ser dividida em 4 modalidades:
  • compra direta;
  • fundos de investimentos em ações (passivos ou ativos);
  • fundos de índices (ETF's); e
  • clubes de investimento.

No caso do fundo de investimento em ações ativo, o gestor do fundo é mais agressivo e fica movimentando as ações a fim de se aumentar os ganhos, o que implica em muitas vezes a cobrança de taxas de performance. A vantagem é que o investidor pode maximizar seus ganhos com a contratação de um bom gestor e reduz sua carga de stress por não ter que disponibilizar tempo e conhecimento para gerenciar estas ações. Já o fundo de investimento passivo é baseado em um índice, o que lhe confere maior conservadorismo.

Os ETF's são fundos de investimentos em ações, com corretora, compostos por uma cesta de ações que representam indicadores, mas cujas cotas podem ser negociadas como se fossem ações. O risco é menor do que a compra de ações avulsas porque compreende uma diversificação maior de ações com a compra de uma cota, obtendo diversificação com uma única operação. As taxas de administração são menores que nos fundos de investimentos passivos, o que torna os ETF's mais vantajosos.

Por fim, os clubes de investimento são indicados para quem tem pouco dinheiro a investir, precisam de motivação e/ou buscam trocar experiências com outros investidores.

Investir conscientemente

Investir conscientemente significa investir para:
  • preservar e ampliar seu patrimônio;
  • obter estabilidade (poupar equivalente a 6 meses de salário); e
  • realizar sonhos e projetos.
Entretanto, para que o investidor consciente tenha êxito em atingir seus objetivos é necessário possuir alguns pré-requisitos para que não se torne mais um paraquedista na Bolsa de Valores. De acordo com a jornalista especialista em economia e finanças Juliana Garçon, são necessários 3 requisitos básicos:
  • formação de hábito e disciplina; 
  • estar pronto para a prática da tomada de decisões; e 
  • auto-conhecimento e aprendizado sobre o mercado.
Para os brasileiros em geral, um grande obstáculo para que esta receita seja bem sucedida é gastar menos do que se ganha, afinal, a média do brasileiro é gastar mais do que ganha, recorrendo a longos financiamentos para a compra da casa, do automóvel e até mesmo de aparelhos eletro-eletrônicos. Dessa forma, o brasileiro cria o hábito de pagar juros ao banco, em vez de investir para que o banco lhe pague esses juros. Em outras palavras, uma pessoa está se distanciando da riqueza ao gastar mais do que sua receita poderia lhe proporcionar, enquanto a pessoa que gasta menos do que recebe e investe a diferença está se aproximando da riqueza, já que está está recebendo juros a seu favor.

O segundo obstáculo do investimento consciente é diferenciar o que você pode comprar do que você merece comprar. Todos merecem ter muitas coisas. Mas o grupo de coisas que cada um pode ter é bem mais restrito. Todos gostariam de ter o carro do último modelo e de fato mereceriam tê-lo, mas comprá-lo sem poder reflete o pensamento imediatista do brasileiro, que pensa apenas no presente e se esquece do futuro. O ideal é pensar a longo prazo, com um ganho de riqueza sustentada, mas essa idéia não costuma ser praticada pelos brasileiros, que sempre tiveram suas vontades reprimidas e consomem desenfreadamente ao surgimento da primeira oportunidade de endividamento.

O terceiro obstáculo para se investir conscientemente é aprender a se planejar. Planejar significa ter um norte, saber para onde se está caminhando. Num plano, é necessário primeiro estabelecer objetivos, em segundo lugar estabelecer as metas (prazos e datas para se alcançar tais objetivos), em terceiro lugar estabelecer as diferentes alternativas para se atingir essas metas e em quarto lugar analisar qual a melhor alternativa para tal. Mas todo plano é sucetível a erros e percalços, portanto, ele deve ser constantemente reavaliado e, se necessário, alterado.

Um quarto obstáculo bastante importante é tomar decisões em cenário de incerteza. Um exemplo comum é a eleição para Presidente. Essa é uma época delicada em que não se sabe muito bem como o mercado reagirá frente às novas diretrizes econômicas do novo governo.

12 de março de 2010

Sustentablidade

Este post tem como objetivo ajudar a esclarecer o significado de uma palavra que está nas headlines dia-sim-dia-não. Verifiquei que muitas pessoas têm buscado durante os últimos anos na internet, em sites de busca, o significado da sustentabilidade, que nada tem a ver com plantar árvores. Por definição, crescimento sustentável é "promover o crescimento e desenvolvimento econômico sem comprometer o crescimento das futuras gerações". Isto significa que devemos utilizar os recursos naturais de forma que não faltem ou se esgotem no futuro, para que os descendentes que ainda estão por vir possam utilizá-los e promover seu próprio desenvolvimento contínuo e também sustentado. 

Para tanto, tal desenvolvimento econômico sustentado deve ser baseado em matrizes energéticas renováveis que causem impactos ambientais reduzidos e reversíveis. Além disso, os processos industriais devem ser circuitos fechados que preveem a reutilização, a reciclagem e a recuperação energética de seus resíduos, os quais incluem não apenas o lixo das indústrias, mas também o lixo gerado no final da cadeia produtiva (lixo doméstico). As mesmas indústrias devem investir em tecnologias mais limpas que desperdiçam menos matéria-prima e geram menos resíduos a serem dispostos no ar, na água e no solo. A agricultura precisa também ter sistemas de captura de efluentes contendo resíduos de agrotóxicos de modo a evitar contaminação acima do aceitável em corpos d'água e daqueles que se utilizam destes corpos d'água. Enfim, a poluição e a utilização de recursos precisam ser menores, ou seja, a cadeia produtiva precisa ser mais eficaz e mais eficiente de modo a equilibrar o nosso padrão de consumo com a recuperação do meio ambiente.


Abaixo seguem algumas frases de pessoas influentes discorrendo sobre o tema:


Crescer sem roubar dos descendentes as possibilidades de crescimento
Fernando Gabeira, deputado.

A crise econômica mundial e as catástrofes ocasionadas por extremos climáticos devem ser encaradascomo circunscritas numa crise ainda maior, uma crise de humanidade. O que presenciamos no mercado financeiro é apenas o sintoma de algo mais grave, que não se restringe ao quadro atual, mas constitui-se numa opção equivocada por padrões de consumo e de desenvolvimento. É preciso mudar, com urgência e o caminho é lutar pela sustentabilidade. Mão se podem mais aceitar padrões de crescimento lastreados em uma perspectiva antropocêntrica extrema, arcaica, que entende os recursos naturais como insumos do processo produtivo, ignora o compromisso com as gerações futuras e vê a política ambiental apenas como entrave ao processo produtivo
Sarney Filho, deputado.

É premente, ainda, adequar os padrões produtivos à realidade de um mundo em processo de mudança climática e cada vez menos rico em recursos naturais. Nesse ccontexto, torna-se imprescindível a produção mais limpa, ou seja, os meios, tecnologias e processos que possibilitam a fabricação de bens e a prestação de serviços com menor consumo de recursos materiais, energéticos e geração mínima ou nula de poluentes
Paulo Skaf, presidente da Federação e do Centro da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp).

As futuras gerações precisam ser educadas para a preservação e conservação do meio ambiente que é um bemde uso comum dos povos. Mas o compromisso começa com a nossa geração. Não somos donos da Terra, mas sim seus inquilinos e temos o dever de deixar a casa melhor do que a encontramos para as futuras gerações
André Medici, consultor do Banco Mundial.

O atual modelo de desenvolvimento é depredador da natureza e criador de privilégios sociais. É um modelo sem futuro no longo prazo: por falta de base natural e social, pelo esgarçamento político. A sustentabilidade é a intenção de construir-se um modelo no qual: o crescimento não destrói a natureza, transforma-a, mantendo seu equilíbrio por reposição continuada; e a produção não se concentra, distribui-se permanentemente. Esse objetivo de sustentabilidade do modelo só será possível com uma mudança de mentalidade, sobre os propósitos da sociedade e com a formação de elevada capacidade científica e tecnológica. O caminho é uma revolução na educação, escola de máxima qualidade para todos
Cristovam Buarque, senador.

A mínima contribuição que podemos dar hoje ao meio ambiente, é melhor que a máxima contribuição que possamos dar no futuro. Pode não dar tempo
 Serginho Groisman, apresentador.

Na lógica do capitalismo, um empresário não investe um centavo um centavo a favor do meio ambiente e do crescimento sustentável sem que isso seja algo financeiramente interessante, é como um dogma. O desafio está em criar mecanismos que tornem essa prática sustentável realmente necessária à sobrevivência dos negócios, através de mecanismos. O governo pode fazer sua parte através da aplicação de uma tributação verde, que pune empresas com pior desempenho ambiental. Os bancos podem fazer sua parte com o facilitamento de empréstimos a empresas com melhor desempenho ambiental através de taxas mais baixas de juros. Até mesmo a população pode fazer sua parte mudando seu padrão de consumo visando diminuir sua pegada ecológica.

6 de março de 2010

Story of Stuff

Um vídeo intitulado Story of Stuff, sobre cadeia produtiva e impactos ambientais, tem sido bastante acessado no site do youtube. O vídeo é interessante e pode ser visto abaixo:



Após assisti-lo, resolvi colocá-lo aqui para fazer algumas considerações.

A princípio, o vídeo é bastante didático ao linearizar de forma bastante simples para o entendimento geral de como funciona o sistema produtivo que, segundo o filme, é dividido em extração, produção, consumo e disposição. O vídeo ainda tenta estabelecer uma forma de relação existente entre esse sistema e as pessoas, o governo e as empresas, que interagem com tal sistema.

A primeira crítica é sobre um dado que surge logo no início, quando a apresentadora diz "nas últimas três décadas apenas, um terço dos nossos recursos naturais já foram consumidos". A verdade é que não há condições de se quantificar quanto realmente existe de recursos naturais e, além disso, muitos são renováveis, como a água (até certo ponto). Vamos tomar o urânio no Brasil como exemplo: o Brasil possui a 5ª maior reserva deste recurso natural, hoje. Por quê hoje? Porque apenas 25% do nosso território foi mapeado à procura de urânio, o que pode significar que muitas outras regiões possuam este recurso natural. Portanto, o dado utilizado no vídeo é no mínimo questionável.

A visão apocalíptica que o vídeo passa sobre a relação entre os países de primeiro mundo que instalam suas indústrias em países do terceiro mundo como sendo algo terrível para os trabalhadores dos países mais pobres também é bastante superficial. Se pode ser ruim com essas indústrias, mas imagine sem elas. O desemprego e a falta de oportunidade pode ser algo muito pior do que trabalhar nessas indústrias. O capitalismo pode ser mesmo um sistema contraditório por oferecer desenvolvimento às custas do consumo exponencial dos recursos naturais, mas também é o responsável por retirar uma boa parcela da população mundial da miséria, de acordo com a história da humanidade.

Entretanto, o modo como o vídeo mostra o consumismo empurrando o motor do capitalismo é practicamente perfeito. A explicação dos conceitos de obsolescência planejada e obsolescência percebida são bastante didáticas, com exemplos bastante claros. Um tipo de atitude contrária ao do consumismo é a acumulação de capital, exemplificada em um livro de Gustavo Cerbasi, já denotado neste site previamente e pode ser acessado aqui. Entretanto, como o próprio vídeo demonstra, a acumulação de capital é um paradoxo para o capitalismo, porque essa prática diminui o consumismo e desacelera a economia, causando desemprego e cada vez menos consumo. Este é mais um dos paradoxos do capitalismo.

Por fim, outro ponto positivo é que a solução proposta possui uma visão não apenas de final-de-tubo, isto é, que pensa apenas no final do processo produtivo, no lixo, em reciclagem. Mas também levanta aspectos como desenvolvimento sustentável, produção de circuito fechado, tecnologias limpas, energia renovável, desperdício nulo etc.

1 de março de 2010

Beleza Sustentável 2010


Por acreditar no desenvolvimento sustentável das empresas e do ser humano como o caminho para garantir o crescimento sócio-econômico satisfatório e continuado sem comprometer o futuro das próximas gerações, recomenda-se o evento Beleza Sustentável 2010, a ser realizado no HSBC Brasil nos próximos dias 10 e 11 de março. O autor do site estará lá para cobrir o evento.

O evento trará profissionais renomados em suas áreas, como o preparador físico Nuno Cobra, a especialista em relações interpessoais Rosana Braga e o já recomendado por este site e mestre em administração e finanças Gustavo Cerbasi, entre outros importantes especialistas em comportamento humano, a fim de apresentar ensinamentos sobre temas relacionados à vida Mental, Emocional, Física, Espiritual e Financeira. Além de palestras, o público presente terá acesso a tendas que oferecerão cinco métodos de terapias alternativas durante os dois dias de evento.

O desenvolvimento pleno do ser humano depende de vários aspectos, os quais sozinhos ou em conjunto, podem atrapalhar tal desenvolvimento. Esses aspectos são como as pernas de um tripé que sustenta o desenvolvimento do ser humano. O evento deve ser útil através de dicas sobre como conduzir os aspectos da mentalidade, emoção, fisiologia, espiritualidade e finanças com o intuito de proporcionar uma beleza sustentável.

AgroBase - Oportunidades de Emprego

Uma dica de site especializado em oportunidades relacionadas ao meio ambiente é o site AgroBase.



Neste site você encontra vários links para vagas de estágios, trainees e empregos em regime CLT. Todas essas vagas são ligadas à área do meio-ambiente, que conta com profissionais de Gestão Ambiental, Engenharia Ambiental, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Biologia, Agronomia, Zootecnia, Agropecuária, Nutrição, Veterinária e outros que possam estar relacionados à área de meio-ambiente e/ou agricultura.

O link para o site se encontra neste texto, logo no primeiro parágrafo, mas pode também ser acessado através do link existente na lateral direita da página, na seção de links recomendados.

26 de fevereiro de 2010

Fundos de Investimento Socialmente Responsáveis - SRI

Um artigo, que pode ser encontrado aqui, publicado por Idália Antunes Cangussu Rezende analisa a rentabilidade de Fundos de Investimentos Socialmente Responsáveis, os quais selecionam empresas por meio de critérios sociais, ambientais e de governança corporativa. O estudo testa a performance (índice Sharpe) deste tipo de fundo de investimento através de uma metodologia que utiliza testes estatísticos como medida de performance para estes fundos de investimentos também conhecidos como SRI's (Socially Responsible Investiment).

Há uma percepção atualmente de que o alinhamento das empresas de acordo com uma perspectiva de visão focada em sustentabilidade e ecodesempenho seja diretamente proporcional à redução de custos e geração de mais recursos para a própria empresa e seus acionistas, entretanto as conclusões empíricas sobre a verocidade desta percepção não eram muito claras e motivaram a realização do estudo.

Resumindo, o artigo mostrou que os fundos SRI possuem rentabilidade semelhante aos fundos não SRI, ou seja, não foram constatadas evidências de que a competitividade econômica destas empresas que investem na sustentabilidade seja superior à competitividade de empresas que não praticam ações sustentáveis. Segundo o artigo, o conceito de sustentabilidade empresarial, que considera o crescimento econômico, a equidade social e o equilíbrio ecológico não resulta em vantagem competitiva ou benefício financeiro para as empresas, nem o contrário. É indiferente.

Entretanto, a crise de 2008/2009 e o consequente corte no staff das empresas se limitou a áreas que não estão relacionadas a funções ligadas à atividade ambiental. Nem replanejamento e remanejamento de recursos destinados a obras sócio-ambientais foram alteradas durante a crise de 2008, segundo a Diretora Setorial de Responsabilidade e Sustentabilidade da Febraban e Superintendente de Sustentabilidade e Comunicação Interna e Institucional do banco Itaú, Sonia Favaretto: "É claro que a reação não será uniforme, como em qualquer setor. O que podemos dizer é que vai depender do profissional à frente da área de sustentabilidade e do próprio banco. Se a prática da sustentabilidade ainda está numa agenda embrionária na instituição, é possível que haja um replanejamento. O que pra mim é uma visão míope, já que a sustentabilidade pode até alavancar os negócios".

O próprio vice-presidente do Itaú, Antônio Matias afirmou que este investimento poderia até aumentar: “É importante que nesse contexto o movimento da sustentabilidade seja visto como parte da solução desta crise, dando consistência às soluções apresentadas. É o momento para que a sustentabilidade seja vista como uma questão essencial para a perenidade dos negócios.”